Aprofundando no Spring boot
O Spring Boot é um framework baseado no ecossistema Spring, que visa simplificar o desenvolvimento de aplicações Java. Sua filosofia é proporcionar uma experiência de desenvolvimento rápida, produtiva e de fácil configuração, permitindo que os desenvolvedores se concentrem nas funcionalidades do software, em vez de se preocupar com a configuração de infraestrutura.
Filosofia do Spring Boot
O Spring Boot se destaca por sua filosofia de facilitar o desenvolvimento de aplicações Java, aderindo a práticas recomendadas como DDD e SOLID. Além disso, sua abordagem de configuração automática e suporte a AOP tornam o desenvolvimento mais eficiente e organizado. Isso permite que os desenvolvedores se concentrem nas características específicas do domínio e no design da aplicação, ao invés de se perderem em detalhes de configuração e infraestrutura. Além disso, o conceito de beans permite uma gestão eficiente e flexível dos componentes da aplicação.
Principais Características do Spring Boot:
- Configuração Automática: O Spring Boot automaticamente configura a aplicação com base nas dependências que você adiciona, reduzindo a necessidade de configuração manual.
- Standalone: As aplicações Spring Boot podem ser executadas como aplicações Java independentes, sem a necessidade de um servidor de aplicativos externo, pois incluem um servidor embutido (como Tomcat).
- Pronto para Produção: Inclui recursos de monitoramento e gerenciamento prontos para produção, como métricas e health checks.
Beans
Um bean é um objeto que é instanciado, configurado e gerenciado pelo contêiner de Injeção de Dependência (IoC) do Spring Framework. A definição de um bean é fundamental para a forma como o Spring Boot lida com a configuração e a gestão de objetos em uma aplicação.
Características dos Beans
- Instância Gerenciada: O Spring se encarrega de criar e gerenciar o ciclo de vida dos beans.
- Configuração: Beans podem ser configurados através de anotações ou arquivos de configuração XML.
- Injeção de Dependência: O Spring permite que os beans sejam injetados em outros beans, facilitando a construção de aplicações desacopladas.
- Escopo: Beans podem ter diferentes escopos, como singleton (uma única instância por contêiner) ou prototype (uma nova instância a cada solicitação).
Como Definir um Bean
Existem diversas maneiras de definir um bean no Spring:
- Usando Anotações:
@Component: Indica que a classe é um bean genérico.@Service: Usada para classes de serviço.@Repository: Usada para classes de acesso a dados.@Controller: Usada para classes de controle em aplicações web.
Exemplo:
import org.springframework.stereotype.Component;
@Component
public class MyBean {
public void doSomething() {
System.out.println("Fazendo algo!");
}
}
- Usando o Método de Fábrica:
- Você também pode definir um bean em um método que retorna uma instância do objeto desejado, anotando o método com
@Bean.
Exemplo:
import org.springframework.context.annotation.Bean;
import org.springframework.context.annotation.Configuration;
@Configuration
public class MyConfig {
@Bean
public MyBean myBean() {
return new MyBean();
}
}
Uso de Beans na Aplicação
Os beans podem ser injetados em outros componentes do Spring, como serviços e controladores, utilizando a injeção de dependência por meio da anotação @Autowired.
Exemplo de Injeção de Dependência:
import org.springframework.beans.factory.annotation.Autowired;
import org.springframework.stereotype.Service;
@Service
public class MyService {
@Autowired
private MyBean myBean;
public void performAction() {
myBean.doSomething();
}
}
Teoria de Operação do Spring Boot
O Spring Boot opera com base no conceito de configuração automática e convenções sobre configurações. Quando uma aplicação Spring Boot é iniciada, o framework examina as dependências presentes no classpath e configura automaticamente os beans necessários.
Ciclo de Vida da Aplicação
- Inicialização: O Spring Boot inicializa o contexto da aplicação e carrega todos os beans definidos.
- Configuração Automática: O Spring Boot aplica a configuração automática com base nas dependências encontradas, como a configuração de um banco de dados quando
spring-boot-starter-data-jpaestá presente. - Injeção de Dependência: A injeção de dependência é realizada, permitindo que os componentes colaborem entre si.
- Execução da Aplicação: A aplicação começa a responder a requisições, utilizando os controladores e serviços definidos.
Programação Orientada a Aspectos (AOP)
A Programação Orientada a Aspectos (AOP) é uma técnica que permite modularizar preocupações transversais, como logging, segurança e gerenciamento de transações, separando-as da lógica de negócio principal.
Como o Spring Abraça AOP
O Spring Framework fornece suporte robusto para AOP, permitindo que você defina aspectos e aplique lógica de maneira declarativa.
Principais Conceitos:
-
Aspecto: Um módulo que contém preocupações transversais.
-
Join Point: Um ponto na execução da aplicação, como a chamada de um método.
-
Advice: A ação a ser executada em um Join Point.
-
Pointcut: Uma expressão que define onde o Advice deve ser aplicado.
Exemplo de AOP no Spring Boot
Definindo um Aspecto:
import org.aspectj.lang.annotation.Aspect;
import org.aspectj.lang.annotation.Before;
import org.springframework.stereotype.Component;
@Aspect
@Component
public class LoggingAspect {
@Before("execution(* com.example.service.*.*(..))") // Aplica antes da execução de qualquer método nos serviços
public void logBeforeMethod() {
System.out.println("Método chamado...");
}
}
Uso de AOP
Ao utilizar AOP, você pode facilmente adicionar logging, segurança ou outras funcionalidades sem modificar o código existente nas classes de serviço:
@Service
public class OrderServiceImpl implements OrderService {
public void placeOrder(Order order) {
// lógica de negócio
orderRepository.save(order);
}
}
O logBeforeMethod será chamado automaticamente antes de qualquer método no pacote com.example.service, permitindo que você insira lógica de logging de maneira limpa e não intrusiva.